Category Archives: Sessões Especiais

Festa do Cinema Italiano

A programação será a seguinte:

– 23/11 – Era Uma Vez a Máfia de Franco Maresco M/14

– 24/11 – Contos de um Verão Negro – Favolacce de Damiano D’Innocenzo, Fabio D’Innocenzo M/14

– 25/11 – Mio Fratello Rincorre I Dinosauri – O Meu Irmão Persegue Dinossauros de Stefano Cipani  M/12

– 30/11 – Malizia, de   M/14

– 07/12 – Artemisia Gentileschi (Ciclo a Grande Arte no Cinema), de Jordan River  M/6

PROGRAMA DA FESTA DO CINEMA ITALIANO
23 Novembro 24 Novembro 25 Novembro 30 Novembro 7 Dezembro
TERÇA QUARTA QUINTA TERÇA TERÇA
Cine-Teatro Paraíso Cine-Teatro Paraíso Cine-Teatro Paraíso Cine-Teatro Paraíso Cine-Teatro Paraíso
19h00

ERA UMA VEZ A MÁFIA


(LA MAFIA NON È PIÙ QUELLA DI UNA VOLTA)
Franco Maresco, 115′

19h00

CONTOS DE UM VERÃO NEGRO

(FAVOLACCE)
Irmãos D’Innocenzo, 98′

19h00

MIO FRATELLO RINCORRE I DINOSAURI
Stefano Cipani, 100′

19h00

MALIZIA
Salvatore Samperi, 98′

19h00

CICLO A GRANDE ARTE NO CINEMA:

ARTEMISIA GENTILESCHI
Jordan River, 60′

Programação Novembro/Dezembro 2021

A programação será a seguinte:

– 02/11 – Paraíso de Sérgio Tréfaut M/6

– 09/11 – Três Verões de Sandra Kogut M/12

– 16/11 – Fantasmas do Império de Ariel de Bigault M/12

– 20/11 – Filminhos Infantis à Solta pelo País (11h) M/3

– 23/11 – Festa do Cinema Italiano

– 24/11 – Festa do Cinema Italiano

– 25/11 – Festa do Cinema Italiano

– 30/11 – Festa do Cinema Italiano

– 07/12 – Festa do Cinema Italiano

– 14/12 – A confirmar

– 18/12 – Filminhos Infantis à Solta pelo País (11h) M/3

– 21/12 – O Dia Mais Curto – Novas Curtas Portuguesas

– 28/12 – Fabian de Dominik Graf  M/16

PROGRAMA DA FESTA DO CINEMA ITALIANO
23 Novembro 24 Novembro 25 Novembro 30 Novembro 7 Dezembro
TERÇA QUARTA QUINTA TERÇA TERÇA
Cine-Teatro Paraíso Cine-Teatro Paraíso Cine-Teatro Paraíso Cine-Teatro Paraíso Cine-Teatro Paraíso
19h00

ERA UMA VEZ A MÁFIA


(LA MAFIA NON È PIÙ QUELLA DI UNA VOLTA)
Franco Maresco, 115′

19h00

CONTOS DE UM VERÃO NEGRO

(FAVOLACCE)
Irmãos D’Innocenzo, 98′

19h00

MIO FRATELLO RINCORRE I DINOSAURI
Stefano Cipani, 100′

19h00

MALIZIA
Salvatore Samperi, 98′

19h00

CICLO A GRANDE ARTE NO CINEMA:

ARTEMISIA GENTILESCHI
Jordan River, 60′

Festa do Cinema Italiano 2020 – Programação

Apesar dos adiamentos, e da indisponibilidade temporária do Cineteatro Paraíso, vamos conseguir fazer a Festa do Cinema Italiano.

Devido à actual situação sanitária, haverá algumas limitações, nomeadamente o número de espectadores, que não poderá ultrapassar os 60.

Para não haver aglomerados à porta da Biblioteca, pedimos que passem a partir das 18h para comprar os bilhetes

A programação será a seguinte:

– 17/11Palombella Rossa, de Nanni Moretti

– 18/11 – Eu, Leonardo, de Jesus Garces Lambert

– 19/11Figli – Manual de Sobrevivência para Pais, de Giuseppe Bonito

Sessões às 19h, como habitualmente

– 21/11 – Bangla, de Phaim Bhuiyan, às 15.30h

– 21/11La Dolce Vita, de Federico Fellini, às 21.30h

25 de Outubro, 19h: “Francofonia”

francofonia-2

Realização: Aleksandr Sokurov

Intérpretes: Louis-Do de Lencquesaing, Benjamin Utzerath, Vincent Nemeth

HOL/ALE/FRA, 2015, 88′ M/12

1940. As tropas Nazis tomam conta da cidade de Paris (França). Jacques Jaujard (Louis-Do De Lencquesaing), director do Museu do Louvre, e o Comandante Franz Wolff-Metternich (Benjamin Utzerath), chefe da comissão alemã para a protecção das obras de arte em França, vêem-se obrigados a colocar as suas diferenças de parte e aliam-se para preservar os tesouros do museu. Assim, ao mesmo tempo que os exércitos arrasam a cidade, eles fazem o que podem para proteger algumas das mais importantes criações da Humanidade.
Com realização do aclamado realizador Aleksandr Sokurov (“A Arca Russa”, “Pai e Filho”, “Alexandra”, “Fausto”), um filme sobre um período negro da História europeia, onde se reflecte sobre a arte, o poder e a cultura e a importância dos museus na preservação da identidade humana. PÚBLICO
A história já não é o que era

Correspondendo a uma encomenda do Louvre, Aleksandr Sokurov filma o lendário museu de Paris — o resultado é um filme capaz de transcender as regras tradicionais de documentário e ficção.

É verdade — fazer filmes sobre a história, contar histórias da história da humanidade, não é o mesmo que acumular adereços “de época” e colocar os actores a fazer pose fingindo que estão a viver muitos séculos atrás. O cinema é, afinal, a arte de problematizar a própria encenação da história.

No limite, Napoleão pode ser representado por um actor contemporâneo, a deambular pelo Museu do Louvre, deslumbrando-se com os seus próprios retratos…

Esta hipótese “napoleónica” não é delírio do crítico, podem crer (aliás, o mesmo se poderá dizer em relação à possibilidade de representar Marianne, símbolo da República Francesa). Assim acontece no maravilhoso “Francofonia”, filme com que o russo Aleksandr Sokurov corresponde a uma encomenda do Louvre para fazer um filme sobre o… Louvre.

Através de um calculado misto de reflexão histórica e distanciação irónica, esta é uma viagem em que a pontuação documental serve para sustentar uma elaborada visão do património artístico — e também das complicações que a sua defesa pode envolver.

Sokurov aborda, em particular, os tempos da Segunda Guerra Mundial e, mais concretamente, o período da ocupação alemã, com o Louvre a ser co-dirigido por uma improvável aliança: de um lado, o director do museu, Jacques Jaujard (Louis-Do de Lencquesaing), do outro Franz Wolff-Metternich (Benjamin Utzerath), o oficial nazi designado para a gestão do património. Os dois protagonizam, afinal, um drama muito antigo: como garantir a sobrevivência das produções artísticas da humanidade? Mais do que isso: como construir memória(s) a partir do seu conhecimento?

Com a agilidade de um verdadeiro experimentador, Sokurov combina materiais de arquivo com sofisticados mecanismos de encenação, no limite levando-nos a questionar o que somos através da própria arte que contemplamos. Tal interrogação envolve inevitavelmente os valores da nossa identidade europeia — afinal, percorrer os espaços do Louvre é também deparar com as convulsões dessa identidade.

P.S. – Isto sem esquecer, claro, que o mesmo Sokurov já filmou o Museu do Hermitage, em São Petersburgo, nesse filme magnífico que é “A Arca Russa” (2002).

Crítica de João Lopes

 

 

 

 

 

 

 

18 de Fevereiro, 19h: “Amor Louco”

amor-louco-3

Realização: Jessica Hausner

Intérpretes: Christian Friedel, Birte Schnoeink, Stephan Grossmann

Áustria/ALE/LUX, 2014, 95 ‘  M/12

Berlim, 1811. Pouco depois de completar 34 anos, o poeta e escritor Heinrich von Kleist (Christian Friedel) enfrenta sérias dificuldades financeiras. Profundamente triste e amargurado, planeia pôr fim à própria vida e fazer da sua morte um momento de elevação e entrega ao amor eterno. Com isso em mente, convence Henriette Vogel (Birte Schnoeink), a esposa de um empresário seu conhecido, a juntar-se a ele naquele momento solene. Henrich leva o seu plano até ao fim e, no dia 21 de Novembro desse mesmo ano, junto às margens de um lago, dá um tiro em Henriette e depois em si próprio…
Com assinatura da realizadora austríaca Jessica Hausner (“Lovely Rita”, “Lourdes”), um filme sobre as ambivalências do amor, livremente inspirado na verdadeira história do poeta e escritor alemão Heinrich von Kleist (1777-1811). Apresentado na secção “Un Certain Regard” do Festival de Cinema de Cannes, “Amor Louco” venceu o Prémio de Melhor Filme no Lisbon & Estoril Film Festival. PÚBLICO

Cinema da razão e da emoção
A relação trágica de Heinrich von Kleist e Henriette Vogel volta a interessar o cinema: “Amor Louco”, da realizadora austríaca Jessica Hausner, é uma viagem fascinante pelos enigmas do amor e da morte.
Como é sabido pelos registos históricos, a relação entre o escritor romântico Heinrich von Kleist (Christian Friedel) e Henriette Vogel (Birte Schnöink) está marcada por uma violenta pulsão de morte — para von Kleist, o consumar do amor só podia conduzir a uma aceitação extrema, afinal serena, do fim da existência neste mundo. Ou ainda: esta é uma história indissociável da dramática transição do séc. XVIII para o séc. XIX, num universo de pensamento em que os tradicionais equilíbrios entre razão e emoção surgem profundamente transfigurados.

Até certo ponto, o filme da austríaca Jessica Hausner, “Amor Louco”, pode definir-se como um objecto biográfico — trata-se, afinal, de encenar a aproximação de von Kleist e Vogel, pressentindo o seu trágico desenlace. Em todo o caso, nada permite confundi-lo com muitos retratos deterministas que, obedecendo a formatações de raiz televisiva, apresentam a vida artística (?) como uma ilustração mecânica de “temas” ou “tendências”.
Nem se trata, entenda-se, de fazer uma “reconstituição” histórica (aliás, a própria designação omite o facto de qualquer narrativa ser um elemento novo e singular, não uma “repetição” do que quer que seja).
Hausner filma, afinal, tudo aquilo, material ou imaterial, que aproxima e afasta o par de protagonistas — e tudo passa pelo poder imenso da palavra, neste caso associado ao encantamento da música que Vogel interpreta.
Daí a estranha e fascinante transparência de um filme como “Amor Louco”: por um lado, deparamos com um mundo em que todos os equilíbrios — entre senhores e criados, arte e sociedade, vida e morte — parecem estar previstos, racionalizados e controlados; por outro lado, von Kleist e Vogel vivem uma odisseia que, em última instância, desafia todas as suas relações (privadas e públicas). É o mais discreto dos filmes, inclusive na sua beleza radical.

João Lopes, in CineMax